Reflexoes sobre parto

Essa semana li diversos artigos sobre parto, a maioria do Brasil, com ênfase na “epidemia de cesáreas eletivas” que acontece por lá. O assunto já é antigo, apenas ganhou o nome de “violência obstétrica” ou similares nos últimos anos, e algumas ativistas que, estruturadamente, levantaram a bandeira e passaram a lutar pelo direito das mães que querem parto normal.

Minha mãe conta do diálogo que teve com o médico quando engravidou de mim e foi fazer a primeira consulta para o pré-natal. Naquela época ele já queria marcar a cesárea. Falou de todas as desgraças que poderiam acontecer em um parto e terminou com a pérola: “Se o médico não for muito bom de bola, morrem mãe e filho”.

Mamãe muito educadamente respondeu: “Doutor, quem dá a vida ao meu filho não é o senhor. É Deus.” Virou as costas e saiu. Procurou outro médico, que  também queria fazer a cesárea. Ela fez que tudo bem, seguiu com o pré-natal. No último vez não voltou mais lá. Entrou em trabalho de parto, foi para a maternidade pública e lá em nasci, depois de um parto tranquilo de quatro horas.

Com meu irmão foi parecido. Teve bate-boca com médico durante o parto e tudo. Frases do tipo “você está me contestando?”, foram respondidas por ela com um “sim senhor, ninguém vai machucar meu bebê!”. A discussão era por causa do uso do fórceps, já que meu irmão estava de queixo, depois de doze horas. Acabou virando cesárea de emergência.

Mamãe, que orgulho que tenho dela! Poderia ser ativista contra a violência obstétrica nos dias de hoje! Simplesmente não aceitou vários mitos e não se deixou aterrorizar. Em parte por estar bem informada depois de ter trabalhado em alguns congressos médicos, em parte também por puro instinto materno.

E eu, que cresci ouvindo essa história, que sei do meu nascimento e do nascimento do meu irmão, sem flash nem pompa, nem foto e filmagem do parto (elas nunca nos fizeram falta), mas cheios de saúde, observo esse auê hoje no Brasil, essa mercantilização do tema, essa insistência em se vender o nascimento como evento e a cesárea (que de parto não tem nada, é cirurgia mesmo) como normal, fico a me perguntar: se parto normal é tão ruim assim, como é que a humanidade sobreviveu por tantos milhares de anos sem a cesárea?

Nota: Acho a cesária ótima para salvar vidas em casos de emergência.  E eu acho que ainda vou escrever algumas outras reflexões sobre esse e outros assuntos por aqui…

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