Visita à clínica nr. 1

Hoje saímos do trabalho e fomos na “noite da informação” em uma clínica que foi recomendada por minha melhor amiga, que teve a filha dela lá. Semanalmente eles fazem uma reunião para os futuros pais, onde apresentam a clínica, explicam como o parto ocorre, os cuidados com o bebê, os procedimentos em casos de problemas e tudo mais que for relevante. Depois mostram as instalações, salas de parto e quarto. E tiram dúvidas.

Não chegamos a ver um quarto, estavam todos ocupados. Mas vimos uma sala de parto, conhecemos uma parteira, tiramos dúvidas, conhecemos os procedimentos deles, a filosofia e alguns posicionamentos.

Já falei que os partos aqui são feitos por parteiras. Não há cesárea com hora marcada. Cesárea só acontece em caso de emergência, caso alguma coisa dê errado.

Na clínica funciona também a escola de parteiras. Durante o parto, a mãe não é assistida apenas pelas parteiras experientes, mas também tem assistência das estagiárias, devidamente supervisionadas.

As instalações são ótimas! Eu me senti muito bem lá! Também me senti bem com as explicações dos procedimentos. Médicos e anestesistas estão lá de plantão 24 horas para casos de emergência, há UTI neo-natal. E dá pra ter parto na banheira, em pé, de cócoras, deitada…. está tudo lá para a mãe experimentar e escolher na hora, de acordo com a opção que a fizer sentir mais confortável.

Não vimos nenhum ponto de crítica. Nada. Poderia parir lá amanhã mesmo. Nem sei se preciso ver as outras clínicas. Talvez por desencargo de consciência, padrão de comparação, quem sabe não tem algum critério supérfluo que me salte aos olhos na outra. Sei lá. De qualquer forma, ainda temos tempo.

Algumas observações interessantes, relativas à postura da clínica sobre o momento do nascimento e pós-parto:

  • Visitas de familiares que não sejam o pai da criança e/ou irmãos da criança são fortemente desencorajadas. O motivo é garantir o descanso e adaptação da mãe e do bebê. Mãe fica cansada, bebê também, a amamentação geralmente não funciona de primeira e exige paciência… daí a presença de mãe, sogra, tio, tia, periquito e papagaio tende a ser vista com maus olhos pelo pessoal da clínica. Visitas, só em casa, quando mãe e bebê tem alta. Compreensível.
  • Quartos são duplos. Há uns poucos quartos individuais e, em caso de lotação, enfermaria. E nem todos os quartos tem banheiro. Mas há banheiros no corredor à vontade.
  • Há a possibilidade de quarto para acompanhante, mas depende da disponibilidade de quartos individuais. E paga-se à parte, como se fosse um hotel. A argumentação é muito simples: não se ocupa um leito com acompanhante saudável, quando pode-se ocupá-lo com alguém que realmente precise dele. E isso vale inclusive para o caso do visitante ter dinheiro ou um seguro privado. A prioridade é do paciente.
  • A estatística de recusa de recebimento de parturientes por causa de superlotação é de dois casos por ano, em média, quando acontece. Nesse caso, ela é enviada para umas das clínicas mais próximas. Já falei que são quatro em um raio de quatro quilômetros, não falei? Há outras a uma distância maior também. E casas de parto.
  • Em quartos duplos, a mamãe que quiser sossego caso a companheira de quarto receba visita tem salas de amamentação à disposição, com toda privacidade, paz, conforto e sossego. Há enfermeiras e parteiras de plantão 24 horas para ajudar no processo.
  • Bebês podem ficar 24 horas no quarto com a mãe. Mas não precisam. Se mamãe precisa descansar, pode pedir pra enfermeira que ela leva o bebê para o berçário.
  • É possível doar sangue do cordão umbilical para um banco de células-tronco. Mas esse sangue não será necessariamente usado pelo próprio bebê, caso precise. A parteira explicou que, caso o bebê tenha um problema e precise das células tronco, a probabilidade destas também terem o problema é grande. Assim, recorre-se ao banco. Mas, caso os pais queiram “guardar” para o próprio filho mesmo assim, eles o fazem também (mas explicam que não faz sentido).

Curioso é que eu saio de lá satisfeitíssima. Porque lá tem tudo que eu vou precisar em termos de cuidados, opções e infraestrutura. Eu não preciso de quarto individual. Não preciso nem do banheiro no quarto, caminhar um pouco mais até o banheiro previne trombose! Eu também não preciso que ninguém durma comigo lá todo dia, não vou morar lá! Nem preciso de sala reservada pra família inteira enquanto eu estiver parindo, esperando o bebê nascer. Seria legal, mas nada disso é nem um pouco necessário. São confortos perfeitamente dispensáveis para que outras, como eu, também tenham acesso aquilo ao que todas nós de fato vamos precisar. Afinal, quantos leitos não poderiam ser ocupados por gente que precisa no lugar de familiares esperando para fazer uma festa?

2 thoughts on “Visita à clínica nr. 1

  1. ducabarreto

    Amei a clínica! Fiquei só com um pouco de pena do pai não poder dormir junto… Pai, nessas horas, tb faz falta… E sente falta, mais ainda! Eles também merecem, não? Mas… enfim, é como você disse: os leitos podem se fazer necessários a outras pessoas. Ele vai esperar (im)pacientemente seus dois amores voltarem pra casa. Beijos, parabéns para os três!

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    1. caminhosdabaviera

      Eu também acho bom ter o pai por perto e isso é possível. Mas é questão de prioridade mesmo. Pai tem visita liberada, sem restrições de horário, mas pernoitar no hospital depende da disponibilidade de leito. Nesse ponto acho correto. Lembre que esse sistema equivale ao SUS no Brasil. Imagine um hospital lotado com leitos ocupados por acompanhante… Um sacrifício individual pelo benefício da coletividade.

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